Movidos pela necessidade de melhor compreender e potenciar o movimento humano e a funcionalidade das populações, têm sido desenvolvidas análises que incidem sobre os factores de risco para a morbilidade nos idosos, o comportamento motor em populações de diversos níveis etários desde crianças a idosos e também com diversas ocupações como sejam o caso dos desportistas.
Neste sentido tem sido efectuado um trabalho de análise de populações específicas relativamente ao movimento e postura característicos com o intuito da promoção da saúde e prevenção de lesão/doença.
Os trabalhos desenvolvidos no âmbito da análise funcional do movimento humano, têm permitido a adopção de estratégias com impacto na comunidade, como sejam o uso de medidas validadas para a avaliação do estado de saúde das condições clinicas e o uso de intervenções de eficácia comprovada na prevenção e no tratamento das condições clinicas estudadas.
A optimização do rendimento humano possui uma ampla extensão de intervenção. No caso, o grupo de investigação RoboCorp tem vindo a desenvolver sistemas de avaliação e optimização de metodologias de treino que procuram melhorar a performance eminentemente desportiva. Sumariamente, o grupo tem vindo a focar a sua intervenção em três áreas/modalidades: 1) jogos desportivos colectivos; 2) golfe; e 3) ténis.
No âmbito dos jogos desportivos colectivos, o grupo de investigação tem-se centrado em dois grandes sectores: 1) análise táctica no futebol; e 2) rendimento físico e fisiológico em jogos reduzidos. Como análise táctica, têm sido desenvolvidas métricas computacionais que, através da detecção posicional dos jogadores no campo, possibilitam um conjunto de análises sobre as relações espácio-temporais existentes entre jogadores.
No caso dos jogos reduzidos, têm sido avaliados os seus efeitos na optimização do treino desportivo, possibilitado a avaliação do desempenho dos jogadores ao nível físico e fisiológico e a forma como o treino poderá ser rentabilizando no sentido de aumentar a qualidade da intervenção do treinador.
Inspirados pelos resultados da cooperação existentes nas diversas sociedades biológicas (e.g., formigas, abelhas, plantas, homens), os investigadores têm colocado um grande empenho no desenvolvimento de robôs que sejam capazes de cooperar entre si e realizar tarefas em ambientes desconhecidos.
Seguindo esta linha, o grupo RoboCorp tem incidido no desenvolvimento de novas tecnologias (e.g., novas plataformas robóticas) e novos algoritmos (e.g., enxames de robôs cooperativos).
No entanto, as plataformas de baixo custo desenvolvidas no ISEC não são adequadas a experiências outdoor, nem possuem qualquer tipo de sistema que permita a localização e mapeamento simultâneos nesse contexto.
Para ser possível alargar o uso destas tecnologias a experiências outdoor e permitir a localização e mapeamento simultâneos nesse contexto, tem-se recorrido a parcerias internacionais, nomeadamente a Universidade de Heriot-Watt, Reino Unido, para a experiência de novas estratégias de robótica cooperativa com plataformas mais avançadas.
A pertinência do estudo dos factores humanos e da sua interacção sistémica no âmbito da segurança rodoviária (SR) assume uma importância capital no âmbito das atuais directrizes mundiais, pois a sinistralidade rodoviária é actualmente considerada uma das principais causas de morte ao nível mundial. Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que em cada ano morrem no Mundo cerca de 1,3 milhões de pessoas e 20 a 50 milhões sofrem ferimentos graves em acidentes rodoviários (AR). Estes estão entre as três principais causas de morte entre os 5 e os 44 anos de idade. Em 2009, a OMS e o Banco Mundial publicaram o 1º relatório sobre SR, considerando-a um problema de saúde pública com impacto no desenvolvimento global. Em 2010 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 64/2552, tendo proclamado o período 2011-2020 como a Década de Acção para a SR. Durante esta década todos os países se devem alinhar no sentido de definir estratégias para estabilizar e reduzir o número de AR. Na Europa, em 2009, morreram cerca de 30.000 pessoas e mais de 1700000 ficaram feridas em AR. Considerando os feridos e incapacitados, estima-se um custo económico de 130000 milhões de euros/ano. Em 2010 a Comissão Europeia adoptou um plano para reduzir para metade o número de mortes por AR na UE até 2020. Dados de 2011 apontam para cerca de 30 000 mortes na estrada no espaço europeu. No ano transacto, em Portugal registaram-se 29 867 acidentes de viação com 573 vítimas mortais. Desta forma e em resposta às directrizes europeias a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), delineou, em 2009, a Estratégia Nacional para a Segurança Rodoviária (ENSR), visando colocar Portugal entre os 10 países da UE com menor sinistralidade. Na implementação da ENSR e resultante da aplicação da matriz de Haddon à realidade da sinistralidade rodoviária em Portugal, foram definidos quer os factores determinantes, quer as acções transversais a implementar, com relevo para a necessidade de aprofundar a investigação e desenvolver projectos sobre a Segurança/Sinistralidade Rodoviária, visando assim harmonizar os estudos técnicos ao nível europeu.
Dada a importância de que se reveste o estudo do factor humano para a diminuição da sinistralidade rodoviária, a Escola Superior de Educação de Coimbra, pela especificidade da sua actuação, tem desenvolvido um conjunto de acções em parceria com entidades públicas e privadas do sector, das quais se destacam o projecto BP-Segurança ao Segundo em Junho de 2013. Recentemente o IPC e a ESEC foram parceiros no projecto europeu da “Responsible Young Drivers” designado “Noite Europeia sem Acidentes”. O trabalho conjunto com vários parceiros neste setor reveste-se de extrema importância, sendo disso evidência os protocolos já celebrados com a empresa da zona centro denominada “Inoutcister, lda”, com a qual tem desenvolvido um significativo trabalho de sensibilização para o risco dos fatores humanos aliados à condução e ambiente rodoviário quer junto da população jovem, quer junto da população sénior. As colaborações já consolidadas com a Prevenção Rodoviária Portuguesa, com o Automóvel Club de Portugal, a BP, Fórum Estudante, bem como a GNR, IMTT, entre outros, permitem projectar uma intervenção orientada para a investigação na área, suportada em redes de parceria. Paralelamente, o grupo de investigadores pretende celebrar protocolos com a ANSR, ANTRAM, ANIECA, entre outros. Dada a heterogeneidade do seu público-alvo, as várias acções desenvolvidas desde 2011, visaram a sensibilização/formação dos alunos (jovens condutores, adultos e população sénior) para a adopção de comportamentos seguros no âmbito do cenário rodoviário. A liderar este projecto, e no corpo docente, existem investigadores/especialistas com consolidada formação técnica, científica e experiência prática na avaliação/formação de condutores, com ligações estratégicas a grande parte das organizações do sector.
Importa ainda referir que o laboratório RoboCorp é o primeiro laboratório de investigação orientado para o estudo do comportamento humano no âmbito cenário rodoviário, pois não existe em Portugal qualquer unidade de investigação que se dedique por excelência a esta área de estudo, Contrariamente a unidades de investigação existentes em outros países da Europa (e.g., Espanha, Republica Checa, Alemanha, Áustria) onde o estudo dos factores humanos no âmbito do cenário rodoviário assumem uma importância capital, em Portugal não se verifica até ao momento uma qualificação superior no âmbito da Psicologia do Tráfego.